Comportamentos!
A aula estava quase a acabar. O tempo, devastador e impiedoso, evidenciou ainda mais as dificuldades da aluna. Num estado de nervosismo trémulo, olhava para a professora procurando as respostas ao teste no seu olhar.
Nada. Instalou-se o vazio amordaçado pelo pânico. O que fazer?
O toque da campainha soou ao barulho da guilhotina que corta o fio ténue entre a morte e a vida. A aluna levantou-se, dirigiu-se à professora e, num gesto de revolta, atirou-lhe literalmente o teste para cima da secretária.
Admirada pela reacção, a professora perguntou-lhe o porquê de tal gesto.
Nada. Instalou-se o silêncio. A aluna virou as costas e saiu da sala de aula.
Saíram todos. A professora, incomodada pelo sucedido,foi a última a sair. Pensava ainda sobre o assunto.
Cá fora, no corredor, esperava-a a aluna. Os olhares tocaram-se. A professora à espera. A aluna com medo de avançar. O silêncio instala-se novamente. A aluna ergueu o olhar e disse "desculpe" num tom quase inaudível. A professora tentou dizer algo mas a aluna baixou o rosto, que escondeu nos seus cabelos compridos, e rebentou numa explosão de choro.
Será que os comportamentos incorrectos dos alunos não são apenas uma forma de esconder as suas fragilidades?
1 Comments:
At 27/11/05 19:44, jacinta said…
Há diversas formas de reagir ao perigo, ao medo, ao fracasso mas a mais comum é, certamente, atacar porque a defesa exige bem mais de nós.Olhar para dentro é, por vezes, muito doloroso e difícil de transmitir.
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