linguasafiadas

Desatamos aqui a língua com pimenta e piri-piri q.b. para não picar o melindre!

16.3.06

Dia do Pai/Ausência do Pai..

Dia 19 de Março comemora-se o dia do pai, ou a ausência do pai. Uns compram presentes que entregam em mãos, outros constroem presentes para pais imaginários, outros ainda fazem peregrinações aos locais onde erigiram um santuário ao corpo já ausente de seu pai e aí depositam flores, velas, dizeres..
Pensava eu agora na palavra Pai, e estranhamente soou-me vazia de sentido, palavra curta, uma única sílaba. Se dissermos a palavra e a deixarmos ecoar, não faz sentido algum. Parece até oca, ecoa apenas.
Mas depois penso nos caminhos, no referente que me cruza com ela e que me foge dela. E são tantos os caminhos, são tantos os sentidos que despertam.
Estes caminhos que tantas vezes se cruzavam e separavam dele, incessantemente, acreditava...
E depois? E agora? Uma imagem sorridente que já não posso tocar, tantos lugares que lhe pertencem, onde apenas paira a memória das suas mãos, dos seus gestos, do seu estar tão único. Os objectos que lhe pertencem, os que construiu. O seu espaço, será sempre o seu espaço, que habitou, que percorreu, que criou.
E eu, e nós que fazemos parte dele e do seu espaço?
Vemos imagens nubladas de caminhos percorridos em comum, caminhos diferentes mas sentidos em comum. Vemos sempre um sorriso mesmo quando as lágrimas teimam em ofuscar o olhar.....
E tudo nos mostra que continua sempre a percorrer caminhos connosco, apenas para nos acompanhar, para nos aquecer um pouco o coração, para não nos sentirmos abandonados.

2 Comments:

  • At 21/3/06 12:45, Anonymous Anónimo said…

    Ás vezes é dificil suportar a ausência física de alguém que amamos e já partiu. Esta saudade torna-se tão violenta que nos dilacera e não conseguimos gerir a nossa existência. Como lidar com estes sentimentos dolorosos que ainda não aprendemos a integrar na nossa vida?

     
  • At 5/4/06 03:21, Blogger Fernando Jose Andrade said…

    o tempo encarrega-se de consolidar a ausencia do nosso querido pai.
    á luz dos anos que se sucederam, a figura do pai desaparecido configura-se agora envolto em panejamentos suaves tingidos de azul pastel, rio apaziguador, memória doce.

     

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