El Ingenioso Hidalgo Don Quijote de la Mancha
Desocupado lector: sin juramento me podrás creer que quisiera que este libro, como hijo del entendimiento, fuera el más hermoso, el más gallardo y más discreto que pudiera imaginarse. Pero no he podido yo contravenir al orden de naturaleza; que en ella cada cosa engendra su semejante. Y así, ¿qué podrá engendrar el estéril y mal cultivado ingenio mío, sino la historia de un hijo seco, avellanado, antojadizo y lleno de pensamientos varios y nunca imaginados de otro alguno, bien como quien se engendró en una cárcel, donde toda incomodidad tiene su asiento y donde todo triste ruido hace su habitación?(...)
O ano de 2005 chegou ao fim e eu penso nos temas, nas personalidades, nas obras que este ano foram celebrados por todo o mundo e que não tive a oportunidade de referir neste blog. Há, no entanto, um que gostaria de mencionar porque me comove sempre: a história de Don Quijote de la Mancha. Este ano passaram 400 anos sobre a publicação da primeira parte da obra com o mesmo nome, de Miguel de Cervantes. Don Quijote é uma das minhas personagens romanescas preferidas que também inspirou inúmeros artistas: Dali, Picasso, Joe Darion, Richard Strauss, Jacques Brel, Doré e muitos mais.
Joe Darion compôs uma peça musical baseada nesta figura, mas eu prefiro a versão de Jacques Brel, da qual destaco o tema La quête, onde Don Quijote explica de algum modo toda a razão da sua existência e a que, na realidade, deveria ser a nossa:
Rêver un impossible rêve
Porter le chagrin des départs
Brûler d'une possible fièvre
Partir où personne ne part
Aimer jusqu'à la déchirure
Aimer, même trop, même mal,
D'atteindre l'inaccessible étoile
Telle est ma quête,
Suivre l'étoile
Peu m'importent mes chances
Peu m'importe le temps
Ou ma désespérance
Et puis lutter toujours
Sans questions ni repos
Se damner
Pour l'or d'un mot d'amour
Je ne sais si je serai ce héros
Mais mon cœur serait tranquille
Et les villes s'éclabousseraient de bleu
Parce qu'un malheureux
Brûle encore, bien qu'ayant tout brûlé
Brûle encore, même trop, même mal
Pour atteindre à s'en écarteler
Pour atteindre l'inaccessible étoile.
Tanto se poderia dizer sobre Brel, Picasso, Dali e todos os outros, entre realizadores de cinema e escritores, que fizeram de Don Quijote o seu porta-estandarte em algum momento da sua vida criativa...
3 Comments:
At 4/1/06 21:15, jacinta said…
Não conhecia essa canção de Brel que representa de forma tão bela essa capacidade de continuar mesmo quando já não há porque lutar, mesmo que tudo esteja errado...
Tens essa música?
At 5/1/06 16:37, Anónimo said…
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
At 5/1/06 16:59, Anónimo said…
Pensar a nossa existência sem estrelas, sonho, magia, amor ....., é reduzirmo-nos ao que de menos interessante somos.
Foram muitos, tal como disseste, que conseguiram concretizar, isto é, dar forma artística ao sonho e ao amor.
A forma de dizer e cantar o sonho, o precipício que é a vida e o amor, é, em Brel dilacerante. Rasga-nos, fere-nos. Percebemos que só vale a pena viver se nos entregarmos ao que verdadiramente amamos e acreditamos.
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